sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ação de despejo de ONG ameaça 50 cães na capital


 

Ação de despejo de ONG ameaça 50 cães na capital

Ação de despejo de ONG ameaça 50 cães na capital Imóvel na Região Leste de BH usado por técnico em veterinária para cuidar de cachorros será desocupado, mas 'protetor' resiste em entregar bichos para o canil municipal
Arnaldo Viana
Publicação: 10/08/2012 06:00 Atualização: 10/08/2012 06:43

Técnico em veterinária, Franklin Soares de Oliveira está à frente da ONG Núcleo Fauna de Defesa Animal (Leandro Couri/EM/D.A Press)
Técnico em veterinária, Franklin Soares de Oliveira está à frente da ONG Núcleo Fauna de Defesa Animal
Baiana sacode a cauda marrom e se enrosca feliz nas pernas do seu protetor, Franklin Soares de Oliveira, sem saber que pode retornar ao lugar de onde veio, doente e maltratada: a rua. A saudável cadela de 3 anos e seus 53 colegas de moradia, incluindo os seis filhotes de Susan, ainda amamentando, ficarão sem teto em cinco dias, a partir da data em que a prefeitura receber da Justiça a ordem de despejo da casa ocupada por Franklin e os animais, todos vira-latas. É um imóvel na qual moravam os empregados do antigo e falido Hotel Taquaril, na Avenida Country Clube (estrada antiga de Nova Lima), Bairro Taquaril, Região Leste de Belo Horizonte.

Franklin dirige a ONG Núcleo Fauna de Defesa Animal, que se dedica há 30 anos à causa dos animais desamparados ou vítimas de maus-tratos, e recebeu a notícia do despejo há quatro dias, exatamente na data em que comemorava o 44º aniversário. “Eu preciso, urgente, de um lugar para os cães e os 12 gatos, que também recolhi nas ruas. Um galpão, uma área.” Ele não quer entregá-los ao canil municipal, com medo de vê-los morrer ou de que se percam novamente no abandono.

Técnico em veterinária e funcionário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Franklin poderia ter uma vida diferente, como morar em uma casa confortável, mas optou por cuidar dos animais sem dono, sem teto. Recolhe não apenas cães e gatos. Hoje, cuida também de quatro cavalos e duas jumentas, alojados em um sítio, que cobra pela hospedagem dos animais. Até de leão de circo e de outros animais descartados por circos ele já cuidou. “E tudo tem um custo alto.”

O despejo foi pedido pelo dono do imóvel contra Humberto Vidotti, padrasto de Franklin, que por mais de 20 anos trabalhou no Hotel Taquaril, que ocupa uma grande área na antiga estrada de Nova Lima. Há cerca de cinco anos a hospedaria pediu falência, mas o antigo empregado continuou morando na casa que servia de alojamento aos funcionários, a cerca de 50 metros do prédio principal. Ele fez um contrato verbal de locação de R$ 50 por mês. Além disso, foi nomeado sócio do empreendimento com 1% de participação.

Como a constituição do Hotel Taquaril não era uma S.A, a participação cedida a Vidotti não é legal. “Foi uma armação para tirar o meu padrasto sem ressarci-lo dos serviços prestados”, diz Franklin. Vidotti recorreu à Justiça do Trabalho e os antigos patrões decidiram tirá-lo do imóvel. Entraram na Justiça com pedido de reintegração de posse. Depois de uma batalha não muito longa entre as partes, a 20ª Vara Cível do Fórum de Conselheiro Lafaiete ordenou o despejo compulsório. Vidotti não está mais na casa, ocupada pelo enteado e os animais.

Campanha nas redes sociais

Certo de que seria derrotado na Justiça, Franklin lançou campanha nas redes sociais com o objetivo de arrecadar fundos para a compra de um terreno avaliado em R$ 30 mil em Santa Luzia, Região Metropolitana de BH, onde pretende construir alojamentos para os animais. Já arrecadou quase R$ 10 mil e recebeu doações, entre as quais obras de artistas plásticos e um par de luvas do goleiro cruzeirense Fábio, que pretende leiloar. Mas ainda falta dinheiro.

Até alcançar esse objeto, Franklin precisa conseguir um lugar para alojar os animais. De acordo com a advogada Val Consolação, que acompanha a causa, a prefeitura terá que recolher os animais, por determinação do Ministério Público. “No canil municipal, os cães com leishmaniose serão sacrificados. E como lá não há lugar para todos, os que não encontrarem novos donos em feiras de doação serão soltos”. Esse é o risco que corre Baiana, que pertencia a uma falecida moradora de rua.

Os animais recolhidos por de Franklin estão sadios. Ele mesmo cuida dos ferimentos, vacina e aplica medicamentos. E sabe que mesmo se houver vaga no canil, os cães não estarão seguros. “Há o risco da cinomose, doença causada por vírus, e todos morrerão.” O apelo de Franklin, um ativista da causa dos animais, por ajuda e doações, que podem garantir uma existência digna para a cadela Baiana, está no blog “Franklin e um Assis”.

2 comentários:

mel disse...

Li Sua matéria no face e segunda feira prometo te dar uma contribuição!!!
Espero de coração que vc seja um vencedor!!!
Beijos Meirielle

depaula disse...

Casos assim me fazem constatar o tanto que ainda temos de avançar. O tanto que o especismo ainda prevalece, mesmo tendo leis que defendem os animais, mesmo apesar da Constituição. Duvido que fariam o mesmo assim, dando um prazo tão pequeno para se mudarem, se fosse um orfanato. A revolta seria grande. Não há de ser nada. Confio que você conseguirá o terreno e um local de emergencia. Vou fazer um pequeno depósito pedindo desculpas por ser pequeno. Mas, sabe como é vida de ativista pelos animais. Ah, como você sabe. Todos os dias fazemos doações aqui e ali e no final de vemos que grande parte do que recebemos é investido no bem estar dos animais. Sem queixas. Aquele de Assis já dizia que é dando que se recebe. O fato é que, não sabemos fazer diferente, e realmente, o dinheiro chega, o milagre acontece. Não sabia que o Taquaril tinha falido. Já me hospedei lá uma vez e adorei o lugar. Nossa, a comida era deliciosa. Minha preocupação é com o CCZ. Quer dizer que não é lugar seguro? Recebemos a Maria do Carmo aqui em Montes Claros para uma palestra e nos passou impressão que não mais matavam os animais, que tudo era lindo...Não é?

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